O Fatídico Presente de Natal

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Acredito que estejamos na primavera, mesmo que ainda em 2014, lembro-me de ter visto em uma matéria de jornal, mas não gravei. O que eu quero com isto? Poder fazer uma comparação com a época das flores, das cores, da alegria e do sentimento. O por quê? Era bem assim que eu me sentia: linda, deslumbrante, colorida, pronta, desabrochando, quando o Cabritão* chegou, ou melhor, voltou e ficou em minha vida.
Isto tudo no mês de setembro e depois por mais três meses. Antes do desfecho, óbvio pelo título do texto, me deixa contar do começo. O que posso dizer é que nos conhecíamos há certo tempo, mas nunca nos havíamos olhado de uma maneira diferente. Passou um momento em nossas vidas e tudo mudou: ele ficou solteiro (a primeira namorada terminou com ele), ele se formou (na 1ª das duas universidades), virou concurseiro (estudou, passou e foi chamado em um), ficou na sofrência, começou a se reerguer, ficou na fase de pegador (e ainda me mandava os links) e na fase manso (lobo em pele de cordeiro). Advinha quem tava do lado? Eu.
Do outro lado da ponta só posso dizer que minha vida mudou: formei-me, namorei, separei, namorei, morei fora, voltei, trabalhei, fiquei desempregada, começou a pós, início e término de amizades. Ou seja, do meu lado, sempre, nunca vi ou senti, mudei muito, apenas aprendi e reaprendi a viver.
Os dois lados juntos, sempre fomos: amigos. Nos conhecemos muito e sempre nos aconselhamos. O que aconteceu? Demorou um tempo, mas nos envolvemos, não de uma forma amiga, de uma maneira amorosa, em que tudo deveria começar com um fica, mas o Cabritão me mostrou lugares, situações, verdades, beijos, desejos, que o permitiram ficar/sua estadia em minha vida.
Não vou negar que ele beija muito bem, tem mãos ótimas, um membro masculino interessante (lindo e delicioso), um corpo atlético e musculoso, conjuntura que me fazia dar glórias a Deus por um homem, macho destes. Além disto, o que mais me agradava: ele era meu amigo, parceiro, cúmplice, meu amante, meu quase namorado e meu pai, em alguns momentos, porém, o meu grande incentivador. Mesmo que do jeito e nas emoções dele.
Só que duas pessoas cheias de complexos, medos e traumas, com um histórico assim, é de certa forma, passível de não dar certo, o que aconteceu em alguns momentos, os quais em minha mente solicitaram o término imediato. Em outros, observei o quanto o queria a mim, o quanto a espera seria vitoriosa, linda e maravilhosa e nos demais, só leseiras. O que eu quero dizer com isto? Tivemos os nossos momentos, instantes, certezas, incertezas, mas fomos nós mesmos.
O que me frustrava era a questão de adequar meu tempo, me abrir novamente, sou dura demais na queda e a sensação de ter de dar satisfações para alguém, o qual eu sabia da carência excessiva, do medo de ser abandonado, do questionador, do menino que quer se homem e tem muito a aprender. O que o deixava puto da vida: falta de sexo.
Digo isto, pois vivemos momentos, extremamente, calientes e provocantes, nos quais quase consumamos o ato sexual, mas o meu medo, a agonia, o nervosismo, sempre me voltavam para trás. E ele ávido, desejoso e com um tesão da moléstia em mim, não conseguia. Isto, pois fomos a lugares, na casa dele, mas o meu travamento era tanto que ele se retava. Fazíamos algumas coisas, bem sacanas e me ajudavam com meu descobrimento sexual e o dele também, só que não evoluiu muito. E na única vez que eu quis, fiquei com coragem, simplesmente, ele inventou uma dor nas costas e depois veio com uma conversa de que não havia se sentido seguro, já que eu não havia ido ao médico e estava sem método contraceptivo.
Nem preciso dizer que depois da negativa dele, em que a posição era a que eu queria, a força da ação, os toques, os beijos, me deixaram ávida de desejo, mais do que eu já tinha por aquele homem, voltaram a ter dúvidas e mais dúvidas. Sem mencionar a parte religiosa e da iminente consumação do ato de pecado.
Terminamos, ou melhor, ele terminou. Alegando que num futuro eu poderia estar mais preparada e menos confusa. Pode até ser, mas, recordo da seguinte e sábia frase ‘Todos tem o seu tempo’ e poderia ter rolado sim, se ele tivesse sido mais paciente, começado direito, tratado com carinho e calma. Todos temos as nossas necessidades, só que não sou obrigada a ler nas entrelinhas.
O que acontece no agora? Cada um no seu lado, eu na minha, continuo crescendo: profissional e pessoalmente, e ele não sei, não nos falamos, mas ele curte algumas coisas em minhas redes sociais e retribui ontem nas dele. Sim, gosto dele. Sim, sinto falta. Sim, decidi seguir em frente. Não, não chorei. Não, não liguei.Terminamos com ele super preocupado e procurando motivos e eu decidida a me fechar, assumindo que gostava de alguém, no caso, ele. E do meu jeito estranho e tronxo de ser, tentei fazer com que ele ficasse, mas o Cabritão não quis, logo, não sou de insistir.
O mais engraçado é que na hora mudei meu comportamento, fiquei mais séria e na minha, fui fria, falei que não ia atrás, por mais que eu queira e ele quis me dar e permanecer abraçado comigo. Assumo que pedi um beijo, ele ficou meio receoso, mas me deu mesmo assim, senti o desejo fluir e o medo ao mesmo tempo.
No final, ele me deixou em casa, já que durante nosso trajeto, na moto dele, não coloquei as minhas mãos na cintura dele, não falei nada, por mais que estivéssemos com fome e ele viu uma pizzaria aberta. Depois desci da moto, já na frente de minha casa, e ele ficou falando, puxando conversa e eu querendo entrar em casa e colocar a cabeça nas cobertas (não para chorar, num consigo), mas sim para poder ficar em posição fetal e olhando para parede. Não vou contar as inúmeras vezes que ele disse que ia embora e ficava.
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Eu mal falava e a minha voz ficou fina, para mim inaudível. Daí ele me abraçou, meio tentando segurar o capacete e a moto, daí eu disse ‘E será com este abraço de fresco?’ e ele ‘Calma estou tentando segurar as coisas aqui!’ e Ele desce da moto e me abraça, tentei sair e ficou abraçando-me, e eu digo ‘É melhor pedir um beijo’ e ele ‘Não ainda não, quero não, prefiro o abraço’ e eu ‘Só que eu peço’, foi o melhor beijo e o fim de tudo.
Nem preciso dizer que depois, nos abraçamos e disse ao próprio ‘Você foi muito importante para mim’ e ele ‘Você também foi e será para mim’. Entrei para casa e esperei por notícias, quando as recebi, num sabia o que fazer, falar ou agir e ele piorou tudo falando de ‘freada’ e ‘futuro’ e eu só de boa.

Terminou assim minha noite de natal: sozinha e feliz.

Cabritão* : Apelido carinhoso para alguém de quem dei carinho.
Jornalista/PE

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